Nada disto é fotografia, e depois?

O conceito do propósito, deveria-se sim falar de algo concreto e não simplesmente daquilo que me apetece na minha pequena realidade.

Voltamos, em parte, ao tema de há uns dias sobre a manipulação nos jovens na época nazi para falarmos de um quadro de Hitler que foi vendido numa leiloeira na Eslováquia. Lia isto no Público e posteriormente numa crónica da Cláudia Chéu para a P3 e então algo me despertou a curiosidade.


 


A obra de seu nome "Maritime Nocturno" foi licitada, por um anónimo, num leilão online da leiloaria Darte pelo valor de 32 mil euros. Falamos de um simples quadro para alguns, para outros uma obra do diabo, controversa e polémica; para mim falo de arte (talvez de qualidade duvidosa, isso é ao critério de cada um) com um valor desconhecido. Na obra, é possível ver o mar coberto por um céu intenso e carregado onde a lua cheia se destaca entre as nuvéns e a escuridão. Que tem isto demais? Nada, ou não fosse a obra da autoria de Hitler e daí a criatividade humana expandir-se com o seu ar lúdico e pseudo-intelectual.

Vejamos, a obra data 1913 quando Hitler tinha 23 anos e ainda não se saberia o que décadas mais tarde poderia surgir. Há quem possa dizer, poeticamente, que a obra poderia antever a personalidade obscura e perturbada do próprio autor, poderia até rematar ainda que o negro revelaria um traço sombrio ou a própria cor do mar desbotada sugeria dramatismo ou incerteza. Pois para mim, revela ser uma incursão falhada do jovem autor (na época) pelo mundo da arte, algo que a própria Cláudia Chéu também afirma na sua crónica.

Não deixa de ser curioso olhar para a obra de um autor e construir uma opinião para mais tarde alterarmos a mesma e construir teorias poéticas e suspeitas pela vida e feitos do mesmo autor.